Universo Insuflável

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Éris

que tempo é este que adormece

e é longe até deixar
saber que é perto
que apaga até o sonho
mais discreto
mói até as pedras do deserto
até que as leve de enxurrada o esquecimento
e as cale para sempre em porto certo.

que obriga, que coage, que fatiga
e vence por remorso e desconserto
que diz corre. e fuzila pelas costas
sem sino ou brado
que tortura pelo gosto do fadado
que diz vive, mas vive calado
de mãos nos bolsos, sorriso armado
sem dar a alguém quem és
(quanto te sonhas)

vive... mas vive só e rodeado
pelo medo desse risco tão certeiro
dessa bala sobre ti já disparada
ao veres mais alto o permitido ver esperado
se disseres não. assim não passo. assim não quero
por que hei-de correr cego
nesse campo de minério
que jamais pagará a fuga a tempo?

não. se vou perder, então eu espero,
ardo, fico, ranjo, e desespero

até que grite em mim por quem eu grito
até que crie um tempo mais aflito
mais desperto
infinito
incompleto.